Mais uma vez há noticias e dúvidas que nos abalam mais que muito.
E esta chuva não é miudinha, é uma trovoada bem feia.
Andava a fugir da consulta porque tinha medo, porque sabia no fundo que algo não estava bem, e queria simplesmente fugir disso, como se os problemas acabassem só por si, se eu não olhasse para eles, eles não existiam...
Há 3 anos que sei que tenho um problema. Inicialmente uma infecção, após uma interrupção, que destruía bem mais o meu ser por dentro, que propriamente o meu fisico.
Com coragem acabei por marcar consulta para o final do ano, num género de tentativa de equilibrio mental e de saúde. Aquilo por que tinha passado, merecia uma atenção de um olhar médico.
Havia declaradamente uma infecção, da qual obviamente eu já tinha dado conta, uma infecção que surgiu nem sei bem como, nem sei bem de quem! Sim, esta parte já dói mais... muito mais. Enfim, achei eu tratada, mas esqueci-me com o meu fisico estava farto, como tinha sido mexido e remexido. Como tinha sido violado. Eu sabia que algo poderia não ficar bem, e nessa altura tive o sinal, que algo de errado tinha acontecido (ou estava a acontecer). A dúvida da médica quis ser explorada. Pediu-me uma série de exames, essenciais a perceber o que se estava a passar, e eu mais uma vez, com medo do resultado, acabei por deixar o tempo passar sem fazer absolutamente nada!
Passados mais de 2 anos, achei por bem lá voltar. E confirmam-se as suspeitas que algo não está bem. Falta agora perceber o quê!
A noticia da necessidade de uma biópsia arrasou-me completamente.
Estava deitada na maca, enquanto ela observava atenta, a relembrar-me de um episódio pouco feliz de um médico encostado a uma parede...
Deixei-me estar ali enquanto ela falava comigo, julgo que por momentos deixei de a ouvir. O esforço que estava a fazer para as lágrimas não me escorrerem pela cara, retirava-me a audição. Só me lembro de a ouvir repetir: "é para fazer. e depressa! Vamos marcar já!".
Todo o meu mundo ruiu novamente, e eu, forte me fiz e fui acenando que sim ao que me ía dizendo.
Vim, embora, e assim que a porta do consultório fechou eu deixei-me cair no meu sufoco e solucei de dor.
Eu não quero explorar isto, eu não quero ter problemas destes, eu quero poder decidir.
Eu ainda não tenho cicatrizada a ferida anterior e já estamos a abrir outra?
Hoje choro que nem criança, sabendo que os exames pedidos revelam algo. sabendo que passeia no meu corpo uma infecção há cerca de dois anos. Sabendo que não sei se partiu de mim, dele ou dela. Sabendo que o meu corpo estava em recuperação nessa altura. Que nessa altura havia uma fragilidade óbvia em mim que se calhar não permitiu deixar passar esses males.
Sabendo que tudo isto abala também a confiança nele, porque ele sabia que não podia brincar nesse sentido. E exigiu-me saber se estava tudo bem comigo, para poder estar. Esqueceu-se de me respeitar trazendo (talvez) o que me pode ter piorado o estado.
Não são dedos apontados, são apenas lágrimas em forma de palavras, de quem não lhe apetece reviver tanta coisa, aparentemente sem ligação, mas que tudo junto me destrói em força.
Estou magoada.