Já diversas vezes referi o carrocel que sinto ser! Num dia a felicidade acompanha-me com as certezas, e noutro sou invadida de dúvidas que me deitam abaixam.
Este efeito sobe e desce, faz mossa e não é pouca. Mas vão existindo dias simpáticos, saborosos mesmo ao ponto do doce, em que deitados no sofá a ver algo na tv com absolutamente nenhum interesse, traz algumas certezas.
A vida não gira à volta da relação. Não, claro que não, mas sem dúvida que a minha relação é prioritária, e o resto pode estar tremido, mas quando treme a relação, treme o resto da minha vida.
Estivémos mais uma vez com conversas sérias, com resoluções de vida, e hoje sinto-me segura e feliz. Ontem falámos de filhos, e parece-me ponto assente que seremos pais da mesma criança. E na verdade, isso sabe mais que bem, sabe maravilhosamente bem. É doce!
Ou seja, andámos outra vez tremidos, mas já entendi também que se deve aos meus receios (aos meus fantasmas talvez), aos meus medos, e quando algo corre menos bem, ponho tudo em causa. Lá volto eu a pensar horas a fio no sentido de todas as coisas. Enfim…
O meu anjo está feliz! A viver a fase das flores no ar e das borboletas na barriga. A fase de tudo é bom e bonito e é contigo!
Não sabes como torço para que seja sempre, mas sempre assim. Mas escuta, eu sei que a paixão traz a vontade de correr tudo. Que a situação te colocou num pedestal do qual não queres descer, mas por favor vai com calma sim? (e agora até dizes que sim, mas é uma grande treta, porque a tua vontade de viver, algo que julgas ter andado a perder, faz-te querer tudo ao máximo e de preferência depressinha!)
Recentemente dei-me conta como os traumas demoram a esquecer, a sarar e a perdoar!
Julgo já ter referido que uma grande paixão minha na vida, deixou-me totalmente de rastos. Não sei se me apetece escrever sobre ela agora, acho que vou deixar para outro post, mas no entanto, confesso que revejo algumas pessoas em mim, assim quando apanho alguns bocados soltos (quem me conhece sabe bem da minha forte capacidade observatória, bem como conclusiva. Defeito de formação juro, foi a psicologia que me trouxe este karma!).
As relações quando têm um ponto final, têm que ter um ponto final definitivo. Não podem ficar coisas por dizer, mas também há que ter a consciência que nunca será tudo dito. Importante referir que se entende por relação quando duas pessoas se dão, independentemente do carácter e intimidade desse relacionamento.
Há que filtrar que há sempre alguém que sai mais magoado, há que filtrar que não será pacífico (e a prova que isto acontece em qualquer relacionamento, é mesmo o de que não precisa haver um compromisso). Os fins nunca são fáceis, e mesmo que nunca tenham tido um inicio, quando termina dói e ponto final.
Há uns tempos (e isto vai parecer que não tem ligação com o post, mas tem toda a ligação), devo confessar que sentia inveja da felicidade dos outros. Sim, inveja, e coisa feia essa, mas não suportava o estado de felicidade plena que eu à força e egoisticamente queria só para mim. Não era inveja de amigos chegados, logo julgo que não é assim tão mau (sou eu a tentar desculpar-me). Tinham os homens perfeitos, nas relações perfeitas, nas casas perfeitas, nos empregos perfeitos. E eu apesar de me sentir bem e realizada, queria à força ser mais feliz ainda que essas pessoas. Em parte sentia que me tinham roubado alguma parte da minha felicidade, e que essa peça que transportavam consigo me era essencial. Depois com atenção percebi que não tenho o homem perfeito, nem a relação perfeita, nem a casa perfeita, nem tão pouco o emprego perfeito, mas que com esta imperfeição toda consigo atingir um estado de felicidade que afinal essas pessoas usam como máscara. Devo referir que este texto não é um ataque, de longe, até porque me estou a expor referindo que tinha pena da minha vida não ser como a deles (até porque dificilmente lerão este post!).
Com mais atenção ainda, percebi que eu, é que tenho uma peça das suas vidas. Eu é que a roubei. São os tais traumas. E é agora que entra a ligação ao post.
A minha relação que me deixou de rastos, perseguiu-me anos a fio. Primeiro começou por ser impossível esquecê-lo e acima disso (e bem pior) deixar de o amar, e o triste disto, é que, ninguém ama sozinho, e eu achava que seria a única pessoa capaz! Depois arrastei-me por ele, procurei-o vezes e vezes sem conta, ligava, ía lá a casa, deixava dedicatórias, ouvia sempre as músicas que me faziam lembrar dele, escrevia repetidamente sobre e/ou para ele. Procurava ouvi-lo sempre que podia, procurava fechar os olhos para o recordar, para recordar o seu toque, via vezes sem conta as suas fotografias. Entretanto percebi que o tinha que apagar e seguir a minha vida. E este foi na verdade um grande erro. Não a decisão em si, mas a forma como o fiz. Os meus sentimentos por ele não tinham desaparecido, e eu acabei por viver uma vida dupla, do quero esquecer e vou vivendo.
Lembro-me de ter dito (e verdadeiramente ter sentido) que nunca tinha amado tanto alguém como a ele, e que seria para sempre, pois me tinha ficado tatuado. A dor que sentia pela separação (e que senti durante anos), era ofuscada pelas lembranças que teimava em ir buscar e manter vivas na memória. Entretanto ele foi mau, muito mau. Foi má pessoa no seu auge. Durante muito tempo tentei desculpá-lo, dizendo que também provoquei a situação (e também isto é verdade, agora sei mais que antes), durante muito tempo quis odiá-lo, porque era o que fazia sentido a alguém que me tinha tratado mal, que tinha sido incorrecto! Porque era o que me diziam os meus amigos, eu tinha que lhe querer mal! Era o que diziam as minhas novas relações. E eu tentei, tentei durante muito tempo expor esse sentimento. Entretanto veio um novo amor, não uma paixão, um amor. E deixei de odiar tal pessoa. Deixei de o querer sentir e de o sentir. Não esqueci o que se passou, de longe, até porque me serviu para crescer muito, e também não perdoei, porque há coisas que não se perdoam, essa capacidade é divina! Mas segui, segui sem uma mágoa constante, segui no entanto com pena de não haver qualquer contacto. Porque a paixão (amor) faz-nos fazer disparates, e às vezes é bom passar na rua e dizer: “olá tudo bem? Então como estás, conta coisas!”. Porque no fundo aquela pessoa teve muita importância na minha vida em determinada altura. Porque parte do que sou hoje, se deve àquilo que passei com ele. Hoje tenho pena do não contacto, do corte total de relações. Porque hoje tenho a certeza que não sinto absolutamente nada por ele, porque hoje tenho a certeza do amor presente que tenho, logo não há traumas, não há necessidade de esquecer, ou até mesmo de perdoar, há o continuar a viver.
Há uma razão para me ter dedicado a escrever sobre isto, que não vou partilhar.