Para mim, os amigos são (como tantas vezes repito), a familia que se escolhe.
São aqueles que não nos são impostos pelos laços de sangue.
São aqueles que nos fazem sentido.
Por vezes os nossos amigos têm tudo a ver connosco. Ou muito. Partilhamos os mesmos ideais, as mesmas filosofias.
Outras vezes discordamos em absoluto, e toda a nossa conduta é diferente.
Com todos os meus amigos partilho ambas as partes. Partilhamos visões em relação a determinados assuntos e discordamos totalmente noutros!
Na verdade, nunca tive a ambição de ser igual ou de ter por igual alguém. Nem em relação ao meu marido essa foi a eleição.
É bom conversar sobre diversos temas e concordar em muitos assuntos e discordar em tantos outros.
Não me faz sentido é que isso possa ser motivo de zanga.
Neste momento sinto-me algo perdida em relação à amizade.
Tinha 2 pessoas muito especiais que procurava sempre que sentia necessidade. Que me eram próximas, e com quem eu julgava que podia discordar em vários temas.
Fui talvez demasiado efusiva em relação a determinados assuntos. Passei a mensagem que tinham que concordar comigo, quando de longe em altura alguma esse foi o meu objectivo. Nunca quis pôr ninguém em cheque. Mas na verdade, quando se conhece alguém tão bem e se tem tanta confiança, nem sequer devia haver esta dúvida!
Nem devia ser colocada a questão que eu duvidava das capacidades de quem quer que fosse, em relação ao que quer que fosse na verdade!
E se me manifestava, era para poder dar uma sugestão, era com o intuito de ajudar.
Claro que se as opiniões fossem boas vendiam-se... mas aqui era com amigos... não devia ser diferente?
Claro que as minhas opiniões valem o que valem, e são como as cuecas, cada um tem as suas! E isso chateia-me? Não! Nada! De todo!
Era com um bom propósito... não era para criar ansiedade a ninguém... ou sequer colocar em causa o que gosto das pessoas ou a minha amizade por elas.
Mas isso aconteceu.
Não ponho, nem nunca pus em causa as decisões que os meus amigos tomam em relação às suas vidas. Porque simplesmente quem sou eu?
O que fazem na vida deles ou que eu faço na vida a cada um diz respeito e ninguém está mais certo ou errado!
Posso ter visões diferentes em relação a muitos assuntos. E tenho. E se calhar tenho porque fui à procura de coisas diferentes que eles procuraram. Se é mais correcta a minha forma de ver/levar a vida? Não! (quantas vezes eu repiti isto caramba? Será que não me conhecem o suficiente para saber que é sentido? que independentemente de defender as minhas opiniões/visões nem seuqer ponho em causa as suas e não as acho mais correctas ou incorrectas?).
É isto que me dói. Falamos de pessoas que supostamente me conhecem muito bem. Que já me viram manisfestar em diversas coisas na vida, que nem sempre concordámos, que nem sempre fizémos o mesmo... e então? Nunca vi nisso um problema! Porque simplesmente conheço as pessoas e sei/sabia que confiavam nas minhas decisões (para mim!), como eu confiava nas decisões si próprias.
O que sinto neste momento, é que fui posta em causa. No que fiz/faço para mim e no que achei (???) que fizeram para si.
Pois não é verdade!
E hoje, aquelas que considero minhas melhores amigas estão distantes. E hoje, sinto que deixei de pertencer a um grupo do qual em tempos me senti feliz por vários motivos, e um deles foi ter sido eu o elo de ligação. E hoje sinto-me a mais. Sinto que piadas privadas das quais não faço parte e nem é suposto fazer (mesmo com outras pessoas). E hoje sinto que já não se sente o mesmo, e na verdade eu cheguei tarde. Porque simplesmente não dei conta do que se estava a passar.
Se calhar estive desatenta, se calhar demasiadamente centrada em mim e nas minhas 6 semanas de cama mais umas anteriores com dificuldades em ir onde quer que fosse pelas razões óbvias.
Se calhar nem foi nada disto.
Se calhar, por muitas voltas que dê, que pense, que reviva muitos momentos, que tente lembrar-me de situações especificas (agora aliadas ao meu afastamento???), é-me dificil.
Se calhar tenho só qu dar tempo ao tempo, a mim, à alma.
Se calhar as noites a pensar nisto são só minhas e só me provocam dor e lágrimas a mim.
Se calhar vai passar.
No curso de CPM (preparação para o matrimónio), lembro-me do meu marido ter dito que a minha melhor característica era ser amiga. E confesso que na altura e durante muito tempo (na verdade até agora), concordava. Se um amigo espirrava, no momento a seguir eu á estava a ir ter com ele. Se era preciso ir à lua por que motivo fosse, lá estava eu a seu lado. Se era preciso ouvir e "socorrer" em alturas de crise e em "não lhe digas nada" lá estava eu. Se era preciso simplesmente não pôr em causa...
Mas aparentemente... não é verdade a opinião do meu marido. Aparentemente, eu tornei-me em alguém egoísta que só fala de si (eu não consigo mesmo encontrar aqui situações... e isso corroi-me!). Aparentemente... tudo desapareceu ou simplesmente nunca existiu.
No entanto, um hino à amizade, e às pessoas amigas. À compreensão que faz parte de ser amigo. Da abertura. Do à-vontade. Um hino a tudo isto!